Não sei há quanto tempo foi o ocorrido, mas gira em torno de mais ou menos 25anos. E isso em tempo absoluto são 25 x 365 dias, mas em tempo tecnológico são séculos, porque coincide com o começo da popularização dos computadores. Mas na época, ainda não tinhamos acesso aos computadores como ferramentas de trabalho para vendedores, orçamentistas, notas fiscais e outras atividades simples.
Então, era comum se contratar excelentes datilógrafos para pilotar as maquinas IBM, que extraiam as notas fiscais e faturas. Mas, esses profissionais eram disputados a dedo, além de seram caros. Mas enfim, eu precisava de alguém, e como não podíamos disputá-los com as multinacionais, anunciavamos a contratação de aprendizes, que assim que ganhavam prática, partiam para o grande mercado que os disputava.
E numa dessas ocasiões apareceu um camarada, seu nome era Junior, não dá para esquecer. O cara era perfeito, muito rápido, tinha rítimo ( os mais velhos, sabem o que estou dizendo ), não errava, enfim era um avião a jato, e para ajudar topou o salário abaixo do mercado para alguém como ele.
Bem, não entendi nada, mas vamos lá, porque eu queria mais é faturar.
No primeiro dia o cidadão chegou meia hora antes do horário, sentou em frente a maquina e só levantou para almoçar e ir embora ás 18:00 horas. No dia seguinte a mesma coisa, no terceiro a mesma coisa. No quarto dia, percebi algo errado, no ambiente da empresa, um certo cheiro desagradável que foi aumentando durante o expediente, até ficar absurdamente insuportável. Esperamos o final do expediente, liberamos os funcionários, e ficamos a chefia e a faxineira procurando um rato morto que não apareceu, e lá pelas 21:00 horas, ou seja 03 horas depois de encerrar o expediente o cheiro sumiu. Chegamos a sair da empresa, ficar 15 minutos fora e entramos de novo, e realmente não havia mais odor nehum, portanto não era olfato viciado. Refletimos, pensamos,e não conseguimos chegar a conclusão alguma, então fomos embora e a dúvida ficou.
Dia seguinte, logo cedo a coisa começa novamente, mas bem pior, e percebemos que era nas imediações da mesa dele ( Junior ), mas ele não reclamava, logo pensamos que ele era muito educado e não queria nos deixar constrangidos.
Meio dia, o Junior, sai para almoçar. Corremos para sua mesa, tiramos do lugar, abrimos gavetas, verificamos o piso, e nada. E como que por milagre o odor foi diminuindo.
Treze horas, Junior chega do almoço, e eu estava entre ele e sua escrivaninha, e quando ele passou, percebi que ele era um funcionário podre de pai e mãe, mas notei também que nesse sentido ele era um profissional, porque me aproximei dele e comecei a perceber pequenas marcas de sangue em sua camisa oriundas das espinhas que ele apertava e as mesmas vazavam sujando sua roupa. Depois concluimos, que nesses 05 dias que ele estava conosco, sua roupa foi sempre a mesma.
Como fazer? O que fazer?
Pensei, pensei e resolvi chamar o CASCÃO, para tomar um café no bar da esquina, e entre conversas, disse a ele, que eu não gostava de tomar banho. Na lata, ele me respondeu: - Eu também não gosto, e não tomo, e não há quem ou o que me faça ser diferente, NÃO GOSTO DE ÁGUA.
Neste momento, disse a ele que já havia percebido isso, e que a empresa só me aguentava por motivos familiares, mas quanto a ele, não haveria a possibilidade de continuarmos.
Aí, me ferrei, porque ele me deu um abraço e disse que somos perseguidos. Depois, ele foi ao DP, acertar contas, e eu fui para casa tomar banho.
E na faculdade, não me disseram que ser executivo, era passar também por isso, E nunca, jamais nehuma universidade ou curso pode nos preparar para cosias desse tipo ou parecidas. ISSO, SÃO OS CALOS DO OFÍCIO, DA VIDA. SÃO AS CONSEQUENCIAS DA PROFISSÃO, QUE VÃO ESTABELECENDO A SINTONIA FINA HOMEM - PROFISSIONAL - SER HUMANO.
Fatos semelhantes, são o nosso dia a dia,mas enfim, quem disse que ia ser fácil.
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