Durante o mês de maio, algumas notícias importantes causaram muita volatilidade nas bolsas e o Índice Ibovespa se desvalorizou aproximadamente 6,5% no período:
A Alemanha proibiu a venda de CDS (Credit defaut Swap) dos principais bancos do país e tal decisão causou uma queda generalizada dos mercados. O CDS é utilizado como um “seguro” onde o risco do comprador é transferido para o vendedor. Quando um ativo é mal visto pelo mercado o preço de seu CDS aumenta proporcionalmente.
A China desmentiu boatos de que iria reduzir os investimentos em reservas cambiais européias o que acalmou as ordens de venda dos mais pessimistas. Atualmente o país possui o terceiro maior PIB do mundo e é o maior financiador da dívida americana, portanto qualquer decisão naquele país afeta diretamente as bolsas em âmbito mundial.
A situação da Europa continua delicada porque os governos dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) têm tido dificuldades em aprovar medidas cruciais para a normalização das contas públicas que não são aceitas pela opinião pública como, por exemplo, o aumento de impostos e / ou diminuição dos salários públicos. O desemprego é alto e a competitividade dos países em maiores dificuldades está abalada. Paul Krugman, prêmio Nobel de economia em 2008, citou em artigo publicado neste mês pelo The New York Times que os países deverão sofrer uma deflação (diminuição dos preços ou custo) de aproximadamente 20% nos próximos anos já que a desvalorização unilateral do câmbio é impossível em razão da moeda comum européia.
A qualidade do financiamento das transações correntes (soma de comércio exterior, juros da dívida externa, viagens internacionais, remessa de lucros de empresas) piorou em virtude das complicações que ainda pairam sob a região do euro. As multinacionais européias instaladas no Brasil obtiveram ótimos resultados em relação às matrizes e demais filiais, deste modo, os investimentos (IED – Investimento Estrangeiro Direto) foram redirecionados para as praças com pior desempenho. Esse déficit nas contas externas é compensado pelas aplicações estrangeiras em ações e renda fixa considerados de “pior qualidade” devido ao prazo e fim não produtivo das negociações no mercado secundário – Bolsa de Valores. Nesse panorama, a volatilidade no mercado câmbio é diretamente aumentada.
José Roberto Mubarack Filho
Assessor de Investimentos
Email: mvl@intrader.com.br
Tel: (11) 3614-3704
Nenhum comentário:
Postar um comentário